terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Estátuas.

Por Vinícius Noronha.



Inundo os meus dias
Com o descuido das promessas
Ás vezes prefiro me refugiar
Tento em vão pregar peças
Armo minhas ciladas
Inúteis emboscadas
Com as mãos despreparadas
E o tempo: máquina quebrada

Decoro o meu silêncio
Planejo o meu nascimento
Convoco novas pessoas
Com o grito que não ecoa
Passo a tarde no esquecimento
Na fúria do meu lamento
Beijo o ar, toco o nada
Brinco com a paz envenenada

De repente novos enfeites
Estátuas perfeitas, diversas
De vários tamanhos e razões
Surgem por todos os lados

Coloco-as no melhor canto
À minha vista a todo momento
E me encanta que elas agem
Fazem coisas que já fizeram
Quando não eram apenas pedra
Quando eram ações e companhia
E se diziam eternas
Pro pior medo da minha vida

Sorriem com velhos dentes
Dizem frases estacionadas
Nas férias do meu consciente
Na incerteza de uma piada

E sem aviso minhas estátuas
Se quebram, esfarelam
Nas esperanças mais árduas
Da minha lembrança mais bela
E tudo que me resta
É a construção da minha seta
E a defesa da escuridão:
Estátuas se formam na solidão

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