Por Sergio Faria.
O que era pra ser apenas sorrisos e palavras
Transformou-se em afeição e fixação
Descobri que a saudade que eu sentia do que senti
Era tamanha mas não infinita
Foi quando me iludi com minha maturidade
A carência enfraqueceu a razão
E eu não quis enxergar a paixão
E o sofrimento de mãos dadas
Controlei teus gestos, olhares e falas
Mas não o vício de pensar em você
Enquanto atuei com a discrição e a distração
Compliquei a vida em nome do presente
Enquanto alimentei a chama perigosa
Anulei a culpa em nome do passado
Enquanto esperei a febre passar
Hesitei me confessar em nome do futuro
A imaginação então foi compensando
A falta do que eu queria e não tinha
Minha boca na tua era meu pequeno sonho
Que eu achava que me bastava
Até a hora em que você me aparecia
Com tanto do que sempre ignorei
E prestando atenção me diverti
Tanto que eu até me esqueci
Que meu mundo não cabia no seu
Então eu me lembrei de como era aquela dor
Não te evitei, não te procurei,
Não te magoei, nem te perdoei
Porque o medo angustiado e o respeito envergonhado
Sufocaram a minha entrega
Não me desculpei, não te consolei,
Não me decepcionei, nem te amei
Porque a nossa história só aconteceu
No meu faz de conta
Ninguém poderá me acusar
Ninguém saberá me julgar
Ninguém precisará me condenar
Porque já paguei pelos acertos e erros que não cometi
Me consola saber que no futuro
Não terei cartas, fotos, presentes pra lembrar
Que no meu vazio com a minha indecisão
Que na minha inquietação com a sua perfeição
Sofri e chorei ao ter a certeza
Que nunca conheceria os teus defeitos
Me alivia saber que algum dia
Vou me lembrar sereno e sorrindo
Do segredo mais bonito que eu guardei
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