De Daniel Ramos.
Caríssimos e digníssimos, gostaria de dizer que é um imenso prazer estar contribuindo com esse novo diário eletrônico. Daniel Ramos, a esfinge do escracho que vos escreve, postará sempre aos domingos, regularmente (eu espero).
Como já está evidenciado no título do post, tratarei aqui sobre a falta do "10". Calma, não se trata de um artigo sobre o popular esporte bretão, do qual me considero apenas um passivo espectador, porém um amante incansável (ok, essas últimas frases poderiam entrar no meu profile gay do orkut). O que abordarei foi uma conversa que ouvi de dois senhores, a qual me inspirou para o post, e que falava exatamente da falta de um "10". Claro que os dois sexagenários referiam-se à falta de um meia armador no futebol de hoje, aquele jogador que carrega a epígrafe de toda uma torcida nas costas, fazendo surgir das pernas a mágica do esporte. Mas o que me fez pensar é que não falta um "10" apenas no futebol, mas sim num âmbito geral. Não temos um "10" no cinema, na televisão, na música... Enfim, salvo raríssimas exceções, a velocidade e a dinâmica da sociedade consumista atual deixa pouco espaço para o sonho e a utopia, obrigando todos a um embrutecimento das próprias ações, que sempre são associadas para algum fim. Não há uma atitude que não possa ser justificada, como se apenas o que surtisse resultado fosse de alguma valia.
Então, voltando mais uma vez ao futebol, o que se vê em campo é exatamente o reflexo disso tudo que acabei de citar: força, garra, profissionalismo, porém de uma dureza que sufoca o talento. E isso é geral, haja visto que, na música, o mercado dita as regras, tratando-a como um produto frio e desprovido de alma. O mesmo vale para todas as formas de arte.
Enfim, a falta de uma maior sutileza é característica marcante do nosso meio, o que não exclui procurarmos cultivar o "10" sempre que possível.
O post dessa vez foi curto, mas é apenas o primeiro de muitos que virão (eu espero).
Um comentário:
Esse post me lembrou um comentário do Trajano na mesa redonda da ESPN Brasil: "Você realmente confia num jogador que leva o número 52 nas costas?".
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