De Cristiane Senn.
escrever parece tão mais simples quando não se tem a obrigação de fazê-lo. agora precisarei de, pelo menos, uma nova idéia por semana, e já começo com reticências cerebrais de níveis imensuráveis. mas sempre existem fórmulas e truques para esse tipo de problema - elas estarão muito presentes por aqui às quartas-feiras. aliás, podemos estabelecer a quarta-feira como o dia dos truques para persuadir o leitor de que está lendo alguma coisa, quando na verdade não está. perfeito.
uma das coisas que aprendi durante a faculdade (não necessariamente em função da mesma), foi a técnica do uso da metalinguagem como preenchedor de lacunas em embutidos suínos, vulgo enche-lingüiça. no presente caso, posso tanto continuar discorrendo sobre o ato quanto sobre o processo de escrever, pensamento e digitação, respectivamente. o primeiro me parece um assunto bastante batido, visto que provavelmente não sou o único ser do universo a ter súbitos vazios intelectuais.
neste momento encontro-me sozinha com o teclado em situação nada romântica. na realidade, me acostumei com ele de forma estranha, pois sempre gostei mais de papel e caneta. digitar é uma coisa que você tem que aprender na marra, e digitar rápido é uma questão de tempo, muito tempo. hoje, por exemplo, as coisas saem tão automaticamente quanto respirar. mas há uns 5 anos atrás, como eu sofria esperando chegar o tempo em que eu ía conseguir digitar sem olhar para o teclado e sem errar uma palavra - lembrando que essas duas últimas coisas ainda não acontecem naturalmente.
trata-se de conhecer aquilo que você maneja. um teclado, depois de 7 ou 8 anos, é como um lápis: nenhum segredo. talvez alguma surpresa, como quebrar a ponta do lápis ou apertar o power ao invés do print screen. Aliás, power é uma tecla tão inútil e irritante quanto um lápis sem ponta.
lembro-me da dificuldade que eu tinha em aceitar os números agrupados à direita. "por que eu preciso ir até LÁ se tenho todos eles bonitinhos e em ordem bem na minha frente?". e aí, você precisa fazer um relatório sobre uma pesquisa quantitativa, um trabalho de finanças ou uma receita de pato ao molho de mel e amêndoas recheado com tomates secos ao manjericão. é aí que a necessidade te faz aprender rapidinho a gostar do lado de LÁ. mesmo porque, ali em cima, o 0 está bem distante do 1. imagine se cada vez que você for digitar 101 precisar fazer duas viagens de 9 teclas?
realmente parece o cúmulo da preguiça. e é, não nego. a posição das letras, desde a máquina de escrever, é o cúmulo da preguiça. "praticidade" e "agilidade" são desculpas de um mundo preguiçoso. aos oito anos me parecia muito mais plausível uma coisa que tivesse, no máximo, duas fileiras, e em ordem alfabética. q, w, e, r, t, y... é realmente uma coisa bem complicada de se gravar, mas é só passar um dia inteiro tentando digitar o alfabeto em ordem que já pegamos o "espírito" da coisa toda. o espírito preguiçoso.
teclado de computador é ainda pior (melhor). "porque eu preciso escalar todas estas teclas cada vez que tiver de escrever novidade?" pensou o primeiro designer de hardware, adaptando a máquina de escrever às novas tecnologias e à nova geração de preguiçosos.
obs 1: a procrastinação crônica resulta em textos tão inúteis e irritantes quanto um lápis sem ponta ou um mouse sem scroll.
obs 2: texto feito no bloco de notas, em que, para a realização de letras maiúsculas, se faz necessário o uso da tecla shift, preterida pelos árduos usuários do microsoft word.
4 comentários:
Quer dizer que eu não li nada? Que coisa.. Eu gostei tanto do que eu (não?) li.. hehe
Ótima estréia, continue assim ;)
Parece que quando uso lápis e papel as idéias saem melhor, ainda luto constantemente com o teclado, e minha "maravilhosa" técnica de digitar "catando feijão" mas ainda chego lá, parabéns pelo blog!
como é bom ler um texto inteiro sem letras maiúsculas.
um beijo.
que isso crizão, teclado com power do lado do print screen é tão last season. nunca entendi isso, acho que colocam lá só de sacanagem?
ah, e adoro que você escreve tudo em minúsculas. beijos!
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