segunda-feira, 28 de julho de 2008

Serviço militar obrigatório.

De Sergio Faria.

Ontem tive um sonho estranho. Sonhei que eu tava prestando serviço militar no exército e tendo que conviver com umas figuras toscas num ambiente que me lembrava um pouco os campos de concentração de Auschwitz, me sentia como um condenado cumprindo pena. Uma sensação horrível. Acordei aliviado. Esse sonho me fez lembrar de uma época legal da minha vida, do período em que me alistei e que era uma fase de descobertas. Me imaginei hoje tendo que servir. Nem fodendo! Com aquela rotina rígida certamente eu seria um desertor. Acordar muito cedo, tomar banho de água fria, tomar esporro de graça, ficar horas sem poder se mexer entre outras merdas não combina comigo.

Acho que o quartel só faz bem mesmo pro playbozinho folgado e pro moleque pobre sem profissão. Pro primeiro ensina disciplina e igualdade, pro segundo dá um salário pra ajudar na sobrevivência. Mas normalmente os grandões abusam do poder e exageram: o "reco" é humilhado na frente de todos e ainda tem que concordar com um "sim senhor". Isso pra um cara orgulhoso como eu não daria muito certo. Episódios envolvendo coações e maus tratos lá dentro não são novidades pra ninguém. É barra pesada. Me lembrei do dia em que passei pelos primeiros exames pra entrar no exército. Imaginem centenas de homens agrupados e enfileirados num galpão e todo mundo peladão. Pois é. Essa cena pra mim foi traumática.

Felizmente parei por ali, fui dispensado logo de cara por excesso de contingente provavelmete pelo tamanho (ser baixinho tem suas vantagens). Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Sempre achei que toda a ralação que a rapaziada passa ali dentro não serve pra muita coisa. E levando em consideração o montante de dinheiro público que é destinado a manutenção daquele troço, acho tudo um desperdício. Eles argumentam que toda essa preparação é pra eventuais missões e garantia da soberania do país. Porra! Há quanto tempo eles vem com esse papinho mesmo sabendo que não corremos o risco de ter uma guerra? Quero dizer uma guerra com outro país, porque na verdade já existe uma guerra aqui dentro mesmo (vide minha "cidade maravilhosa").

Sou a favor do exército nas ruas dando um suporte pras polícias. Não tô falando do recruta sem preparação nenhuma subir o morro atrás de bandido, mas reforçando a segurança em outros lugares como nas escolas por exemplo. A quantidade de homens nas ruas faria uma diferença enorme. Mas eles não aceitam essa possibilidade. A não ser quando é conveniente pra eles, quando é pra inglês ver. Alguém aí lembra da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro? Naquela ocasião o governo deslocou tropas do exército pras ruas e morros da cidade pra garantir a segurança pública enquanto rolava aquela conferência. Naqueles dias o índice de criminalidade foi reduzido a quase zero! Depois que a cúpula das Nações Unidas foi embora, tudo voltou a ser a mesma zona de antes. E hoje piorou, né? Mas o governo bate o pé e não libera as forças armadas pra proteger o povão.

Dizem que a função estratégica delas não é essa. Enquanto isso nossos rapazes brincam de soldadinhos fazendo fortes treinamentos com armas pesadas, aprendem a passar fome, rastejar na lama e o diabo a quatro. Enquanto isso, por causa da corrupção, a bandidagem tá solta nas ruas usando armamento exclusivo das forças armadas, e contra a gente!

2 comentários:

Vini Noronha disse...

Esqueceu de citar o Exército da Salvação, pô.

Grilo disse...

Curiosidade: na época em que tive de fazer os exames para o serviço militar, fui dispensado não por excesso de contingência, mas pelo meu físico. Minhas proporções não são muito normais: minha cabeça mede quase o mesmo que minha cintura.