De Vinícius Noronha.
Ok leitor, a hora é essa e dessa vez você vai redigir essa crônica comigo. Ah, achou que ía ficar na moleza, no bem bão, só esboçando sorrisos com os textos, que expõem características triviais de cada ente que o cerca, extravasando "é isso mesmo, como não pensei nisso antes"? Ou mesmo lendo as bobagens que esse pretenso autorzinho de merda ía escrever, e ainda perguntando "será que ele pensou mesmo que isso fosse significar algo pra mim?". Pois bem, te peguei no pulo! Te botei contra a parede! Sem escapatória, sem desvios ou paliativos.
Quer desistir, é? Tá certo, tem milhares de outros blogs por aí em que o autor não fica querendo desafiar quem se dispõe a ler algo dele. Como se ler fosse o bastante. Como se catalogar mais uma crônica no teu armário mental de textos lidos fosse de fato fazer de você uma pessoa mais culta, mais articulada, com mais sacadas pra disparar no papo de botequim mais próximo. Tudo muito simples, né não? Não!!!!! Definitivamente e desesperadamente não. Se desistir, molenga, você vai ser mais um desses pulhas para quem leituras são artifícios de auto-promoção, ou recados pro ego como manutenção de conteúdo, ou pior, uma escada para o bom e velho status quo das estatísticas das poucas pessoas desse país que se dispõem a ler, a ter um humor mais sofisticado, e a esquecer o que move esse tipo de exposição crua.
Ah, e não é que você realmente leu tudo até aqui? Bacana, me lembre de bater palmas pra você quando chegar no fim dessa crônica. Principalmente porque ela não é mais só minha, como você deve recordar, o que me tira um puta peso das costas e reduz o sarcasmo que poderia ter sido interpretado na frase anterior. Olha que legal: posso até cruzar os braços aqui, pegar algo na geladeira, verificar minha caixa de e-mails, ou chegar ao cúmulo de acabar o texto aqui, que tudo aqui ainda fará o sentido que eu quero que tenha... E o que significa tudo isso? "Que petulância do caralho desse cara!" eu deduzo que seja o seu pensamento. Pode ser. Aliás te confesso que você está mais quente do que frio nessa reflexão. Sabe o que é, leitor? Vou confessar uma coisa: Hoje eu não tô nem um pouco a fim de escrever nada. Sei lá se é porque ouvi muita merda, nesses últimos dias, de quem lê muito e de quem não lê porra nenhuma. Escrever tá cada vez mais complicado, porque (ou consequentemente) ler também tá virando artigo de museu. Digo, ler mesmo, não levar os olhos pra passear em coleiras indestrutíveis.
Sempre achei que o maior desafio de quem lê fosse quando, finalmente, passasse pro outro lado. Porque escrever é um ato de agressão, um rito de expurgação, um manicômio em conta-gotas. Ótimo que as pessoas se identifiquem com inúmeras leituras por aí. Esse e todo blog, acredito, é criado com esse intuito. Mas a mão única devia ser, sempre, mão dupla. Afinal, qualquer manifestação de teclas sendo pressionadas e canetas gravando tinta por linhas é um meio de encontrar um igual, ainda (ou principalmente) que sejamos nós mesmos fora da gente. Motivos pra fazer esse exorcismo a gente sempre encontra: Pessoas à nossa volta, encrencas que nos perseguem, alegrias esculpidas em sonhos, tristezas que se materializam no silêncio. Mas, ao final de tudo, o que sobra são dedos atolados em uma inanição graúda. Afinal de contas o que está acontecendo?
Leitor, a crônica está chegando ao fim. Escrevemos de fato alguma coisa, quando o que resta é essa prévia concepção de que as flores crescerão, os pães estarão fresquinhos na padaria, e alguém nesse universo vai substituir qualquer catástrofe por verbetes de algum dicionário poerento? Pô, alguém te entende, lê tua alma, traduz as sentinelas do teu desassossego. E é fácil, ao mesmo tempo que dói, mas tudo bem. Então, meu amigo, me explica: pra quê escrever?
Talvez por isso mesmo. Pense que alguém, com palavras do próprio punho, leu a tua alma. Agora pegue uma caneta e um papel e se pergunte: isso devia mesmo ser coisa tão simples?
12 comentários:
ok. sinta-se à vontade para as palmas! (rs)
Pois bem! Sabe o que mais me chocou diante de todas as palavras colocadas alucinadamente diante de nós, pobres leitores?(rs)isso:Pense que alguém, com palavras do próprio punho, leu a tua alma.
De fato! E é assustador pensar que talvez todos os mistérios de uma alma podem ser revelados pelo outro, no seu simples(?) ato de escrever.
ok,ok...confesso que favoritei o blog. Gostei, fazer o quê?! =)
Té mais, primo! ^^
Palmas bato eu! =)
Você realmente é um dos caras mais insanos que eu conheço...Ficou bom para caralho...Me deixou com "paudurecência".
Parabéns.
A mensagem que escrevi diz respeito ao Vini Noronha, mas aproveito para parabenizar a todos pela iniciativa.
Abraços.
Cumpadi Vinil, o bom sabedor é aquele que gosta de saber mais e tem humildade para reconhecer isso.
Seu texto traduz a alma de alguém que identifica os nuances e os detalhes dos que se atrevem a escrever com prazer. Muito bom!
Palmas bato eu! =) [2]
preguiça imperando haha
mas já te contei o quanto gostei desse texto.
Quando o cara nasce pra coisa, não tem jeito. Grande figura em que eu me espelho e me orgulho de ter como amigo. Vini, do caralho! A grande vontade é de extravasar as palmas e também bater outras coisas. O que falar? Dizer que o cara tem futuro? Não. O cara tem muito passado, e é dele que vem tamanha capacidade e inteligência.
Parabéns, irmão!
Direto!
Grande abraço!
Bem oque dizer sobre este texto, foi fantástico, vc realmente sabe envolver o leitor, ou exigir sua participação, como no caso, devo confessar vini que você até mesmo me inspira a ressucitar alguns de meus textos e voltar a escrever, parabéns a você e a todos pelo blog, e pode contar com a minha leitura assídua e comentários.
abraços
Se sem vontade de escrever você já nos proporciona textos como esse, quero nem imaginar quando você estiver com vontade...Ou melhor, quero sim.
Palmas bato eu! =) [3]
Que orgulho a maninha tá sentindo!
opa!
eu adorei o texto, vou vir aqui toda terça pra ler. prometido, ok?
beijo :*
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