segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gnose.

Por Sergio Faria.

Ultimamente tem acontecido uma coisa estranha: toda vez que vou dormir e deito de barriga pra cima, fico tendo flashs de cenas que aconteceram comigo no passado, visões de rostos de pessoas que não conheço (ou não me lembro de tê-las conhecido ou visto) de lugares por onde já passei ou já vivi... E são coisas muito antigas (tem até brincadeiras da infância), situações insignificantes que eu nunca lembraria se quisesse. É como se essa posição acionasse um mecanismo liberando parte do que existe em meu subconsciente, ou me fizesse entrar numa espécie de regressão dessa existência. Às vezes isso ocorre também quando tô deitado de lado mas aconteceu poucas vezes porque quase nunca deito nessa posição (não consigo dormir nela). Isso tudo acontece quando eu tô semi-acordado, ou seja, tenho plena consciência de que não é um sonho. É o papo da viagem astral. Já aconteceu também de eu sentir um choque crescente, uma força estranha tomando conta do meu corpo. Relaxo e deixo a coisa rolar pra ver até onde vai dar mas quando fica forte eu fico cabreiro e me mexo que é pra tudo aquilo acabar. Não sei explicar o que é isso. Mas quando aconteceu de eu estar ouvindo vozes, risadas e uma bagunça danada no meio da madrugada onde eu sabia que o silêncio imperava, não me apavorei: fiquei atento ao diálogo, tentando entender qual era o babado do pessoal mas não conseguia sacar o que falavam. E quando eu estava começando a curtir e viajar naquilo, meio sem querer eu respirava fundo e acabava “acordando”. Aí todo aquele barulho acabava e voltava o silêncio absoluto.

Vocês devem estar se perguntando: se aquelas vozes não vinham da casa daquele vizinho folgado que resolveu extender a festa até altas horas, então de onde vinham? Da quinta dimensão. Há doze anos fiz parte de um movimento chamado Gnose. No movimento gnóstico aprendi muita coisa interessante assistindo conferências sobre misticismo, cristianismo, espiritismo, ocultismo, psicologia, budismo, ciências exotéricas... Frequentei durante três anos e cheguei a dar palestras mas a falta de tempo e a preguiça não me deixaram continuar. Foi lá que aprendi que toda vez que dormimos, nós vamos “passear” na quinta dimensão que é a morada das almas (das almas que não foram pro inferno ou pra outros lugares) É sério. Então aquelas vozes eram de algumas almas? Provavelmente. Digo isso porque por lá aparecem também algumas entidades ou mestres, do bem e do mal. (qualquer dia desses falo mais sobre isso). Nunca comprovei isso pessoalmente porque pra isso eu teria que estar sonhando mas consciente de estar num sonho. E conseguir isso é muito difícil. Parece loucura mas não é. Os instrutores sempre falavam durante as palestras pra não acreditar em nada que fosse falado ali mas sim pro pessoal ir comprovar com experiências próprias. Eu tive algumas bem malucas mas a mais engraçada vou contar agora. Na época, eles falavam que na quinta dimensão, que é regida por doze leis, não existia a lei da gravidade, do tempo ou espaço físico como aqui na terceira dimensão. Que se eu pulasse iria flutuar, que se eu quisesse ir na padaria ou no Japão era só imaginar que estaria lá, que se eu puxasse o meu dedo ele iria esticar! É claro que pra fazer isso a gente precisa saber quando é um sonho e nele precisa lembrar dessas informações. Mas é tão difícil você estar no sonho e saber que é sonho. Imagina então lembrar desse papo todo.

Pois bem. Passei algum tempo tentando sonhar e no sonho lembrar de fazer isso. Como nunca conseguia, desencanei e nem pensei mais no assunto. Até que há uns dois anos atrás, num sonho, me lembrei de fazer aquela experiência. Foi do nada. Lembrei do lance do dedo e estiquei pra ver o que acontecia. Eu imaginava que o dedo esticaria como um elástico mole, sem eu precisar fazer força. Mas não foi isso que aconteceu. Tive que fazer força e pra minha surpresa o danado do dedo veio pra frente mesmo, só que como uma borracha grossa. Muito louco! Não fiquei impressionado quando acordei porque sempre acreditei. Mas a experiência foi bem legal. Por essas e outras não fico grilado ou com medo quando ouço as vozes na madruga (nunca mais ouvi). Só queria num dia desses estar num sonho (sabendo que é sonho) e me encontrar com uma galera esperta. Trocar umas idéias com Renato Russo (de novo!? papo pra um outro post), com o Cazuza, com o Tom Jobim, com o Cartola, com o Raul ou com o Julio Barroso; tirar um som e me divertir com a patota dos Mamomas; pedir uns toques pros tios Betinho, Darcy Ribeiro, Carlos Drummond de Andrade; perguntar pro Kurt Cobain se foi ele mesmo quem estourou os seus miolos; tomar um uisque com o Vinicius de Morais; dar um rolê numa caranga com o Senna e assistir ao show daquela super banda com o John Bonhan na bateria, o Sid Vicious no baixo, o John Lennon fazendo um pianinho, o George Harrison na guitarra base e segunda voz, o Hendrix solando e a Janis Joplin e o Freddy Mercury dividindo os vocais com uma palhinha do Jim Morrison. O show de rock dos séculos!! Mas o que eu queria mesmo era comer a Marilyn Monroe.

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