terça-feira, 30 de setembro de 2008

Km/h.

Por Vinícius Noronha.


Um ano? Dois? Milênios?

O certo é que teu rosto estava lá, junto com as paisagens e com os gritos que ecoavam dentro de mim. Sabe o que eu via? Tantos sonhos de vidraça despedaçados enquanto eu confundia ilusão e vaidade.

Eu me conhecia?

A verdade é que eu estava indo pra qualquer lugar onde você não estivesse. Dentro de mim o mapa era esse: Placas de quilômetros desfocadas, cidades campestres que eu nunca desceria pra visitar, carros apressados acenando com seus faróis o esquecimento que eu adestrava para ser meu companheiro.

Eu subi naquele ônibus para nunca mais. Só que as assinaturas do teu silêncio fizeram parte do meu ouvido, abriram-se as persianas da consciência, e os sonhos me cegaram. O que de você vai ficar guardado comigo? Está tão complicado separar o que é abandono do que é fuga. Começo a achar que é tudo a mesma eternidade.

O teu último beijo tem décadas, e mesmo assim a sua marca nunca mais desgrudou da minha face. Essa tatuagem permanece áspera com a promessa de que poderia evitar as lágrimas com doçuras ou cordialidades.

As minhas malas não foram fechadas ou montadas com cuidado. Eu tentei te dizer a cada instante que você espiava no vão da porta que isso era o melhor pra todo mundo, mas em nenhum momento tive coragem de abrir a boca.

Eu sussurrei só uma palavra: - Pronto.

Não foram poucos os que se despediram com foices. Eu mesmo me brindava com mertiolate. A cicatriz tão visível na alma de quem perde o que mais ama não desfez a noite e os grãos impiedosos da despedida.

Não sei se existe perdão, afinal há coisas em relacionamentos assim que são como o amadurecimento dos frutos, ou águas que correm mais e menos em ribanceiras do lugar nenhum, ou montanhas iluminadas por aquilo que considero o verdadeiro dom divino.

Quando desci na estação eu descobri a maior lição da minha vida: o passado é a única certeza que nós temos.

Chegando em casa, hoje e ultimamente, o filme é em preto-e-branco. E o tempo pinta de vermelho minhas costas.

2 comentários:

Adriana disse...

Vini, definitivamente você é um passional. E isso é ótimo, esteja certo disso!

Adorei o texto!! :)

Anônimo disse...

Este é um anúncio público para todos que querem vender um rim, temos pacientes que precisam de um transplante de rim, por isso, se você estiver interessado em vender um rim, por favor entre em contato conosco em nosso e-mail em iowalutheranhospital@gmail.com
Você também pode ligar ou escrever para nós no whatsapp em +1 515 882 1607.

OBSERVAÇÃO: Sua segurança está garantida e nosso paciente concordou em pagar uma grande quantia de dinheiro para qualquer pessoa que concordar em doar um rim para salvá-lo. Esperamos ouvir de você, para que você possa salvar uma vida.