terça-feira, 12 de agosto de 2008
Paradoxo.
Por Sergio Faria.
Nem toda atração é paixão
Nem toda paixão é aventura
Nem toda adoção é alívio
Nem todo alívio é cura
Nem todo abraço é abrigo
Nem todo abrigo é família
Nem todo adultério é tentação
Nem toda tentação é armadilha
Nem todo desastre é acidente
Nem todo acidente é acaso
Nem toda crítica é censura
Nem toda censura é atraso
Nem toda festa é disfarce
Nem todo disfarce é trauma
Nem todo cansaço é velhice
Nem toda velhice é calma
Nem toda disciplina é rigidez
Nem toda rigidez é militar
Nem todo casal é união
Nem toda união é altar
Nem toda derrota é queda
Nem toda queda é embriaguez
Nem toda ausência é silêncio
Nem todo silêncio é timidez
Nem todo talento é dom
Nem todo dom é exercício
Nem toda eloqüência é pregação
Nem toda pregação é desperdício
Nem toda direção é busca
Nem toda busca é realização
Nem toda coragem é heroísmo
Nem todo heroísmo é salvação
Nem toda aids é solidão
Nem toda solidão é deserto
Nem todo ensino é livro
Nem todo livro é aberto
Nem todo futuro é filho
Nem todo filho é ingrato
Nem todo fanático é louco
Nem todo louco é insensato
Nem todo esnobe é burguês
Nem todo burguês é racista
Nem todo pai é espelho
Nem todo espelho é egoísta
Nem toda beleza é juventude
Nem toda juventude é audaz
Nem toda distância é saudade
Nem toda saudade é fugaz
Nem todo encontro é coincidência
Nem toda coincidência é evidente
Nem toda intuição é conselho
Nem todo conselho é conveniente
Nem toda bondade é milagre
Nem todo milagre é redentor
Nem todo chefe é líder
Nem todo líder é ditador
Nem todo achado é lucro
Nem todo lucro é material
Nem toda idolatria é pecado
Nem todo pecado é carnaval
Nem todo alimento é consumo
Nem todo consumo é necessidade
Nem todo labirinto é mulher
Nem toda mulher é metade
Nem todo atalho é nudez
Nem toda nudez é injúria
Nem todo prazer é sexo
Nem todo sexo é luxúria
Nem todo judas é político
Nem todo político é ladrão
Nem todo beijo é afeto
Nem todo afeto é compreensão
Nem toda informação é cultura
Nem toda cultura é útil
Nem todo exagero é mídia
Nem toda mídia é fútil
Nem todo discurso é mensagem
Nem toda mensagem é luz
Nem toda covardia é aborto
Nem todo aborto é cruz
Nem toda formalidade é respeito
Nem todo respeito é medo
Nem toda tragédia é destino
Nem todo destino é segredo
Nem todo diálogo é acordo
Nem todo acordo é harmonia
Nem toda paz é sonho
Nem todo sonho é utopia
Nem toda castidade é tortura
Nem toda tortura é febem
Nem toda entrega é natureza
Nem toda natureza é refém
Nem todo ciúme é sofrimento
Nem todo sofrimento é escola
Nem todo lixo é supérfluo
Nem todo supérfluo é esmola
Nem todo mercenário é eleitor
Nem todo eleitor é escuridão
Nem todo verbo é criação
Nem toda criação é inspiração
Nem todo irmão é amigo
Nem todo amigo é fiel
Nem todo adeus é morte
Nem toda morte é cruel
Nem todo indefeso é inválido
Nem todo inválido é infeliz
Nem toda esperança é tempo
Nem todo tempo é cicatriz
Nem todo diploma é inteligência
Nem toda inteligência é benefício
Nem todo impulso é abismo
Nem todo abismo é vício
Nem toda mãe é acalanto
Nem todo acalanto é lembrança
Nem toda virgindade é pureza
Nem toda pureza é criança
Nem todo homem é ameaça
Nem toda ameaça é valentia
Nem todo olhar é incógnita
Nem toda incógnita é fantasia
Nem toda matança é guerra
Nem toda guerra é dinheiro
Nem todo inferno é inimigo
Nem todo inimigo é estrangeiro
Nem todo sorriso é alegria
Nem toda alegria é contagiante
Nem todo hipócrita é convertido
Nem todo convertido é arrogante
Nem todo mestre é sábio
Nem todo sábio é ancião
Nem todo consenso é música
Nem toda música é emoção
Nem toda existência é experiência
Nem toda experiência é aprendizado
Nem toda inquisição é igreja
Nem toda igreja é mercado
Nem toda fama é arte
Nem toda arte é imortal
Nem toda dúvida é adolescente
Nem todo adolescente é radical
Nem todo trabalho é orgulho
Nem todo orgulho é exibição
Nem todo agradecimento é rotina
Nem toda rotina é alienação
Nem todo aplauso é elogio
Nem todo elogio é aprovação
Nem toda repetição é paciência
Nem toda paciência é oração
Nem toda mão é caridade
Nem toda caridade é paliativo
Nem toda lei é limite
Nem todo limite é relativo
Nem toda competência é critério
Nem todo critério é essencial
Nem todo erro é ignorância
Nem toda ignorância é fatal
Nem todo mártir é sensível
Nem todo sensível é poeta
Nem todo mandamento é desafio
Nem todo desafio é meta
Nem todo jogo é brinquedo
Nem todo brinquedo é lazer
Nem todo vampiro é eleito
Nem todo eleito é poder
Nem todo abuso é policial
Nem todo policial é delinqüente
Nem toda mudança é vontade
Nem toda vontade é suficiente
Nem todo êxtase é sucesso
Nem todo sucesso é escravidão
Nem toda pobreza é violência
Nem toda violência é ficção
Nem todo cuidado é proteção
Nem toda proteção é segurança
Nem toda geração é promessa
Nem toda promessa é herança
Nem todo esforço é êxito
Nem todo êxito é recompensa
Nem todo horror é prisão
Nem toda prisão é sentença
Nem toda reflexão é filosofia
Nem toda filosofia é vã
Nem toda força é benção
Nem toda benção é manhã
Nem toda emoção é lágrima
Nem toda lágrima é sinceridade
Nem toda fuga é suicídio
Nem todo suicídio é vaidade
Nem toda fraqueza é doença
Nem toda doença é luta
Nem tudo que penso é verdade
Nem toda verdade é absoluta
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3 comentários:
Nem todo poeta faz
O que fez Sergio Faria
Abraço cumpadi
li ele inteiro viu!
Sensacional.
Nem tudo é o que parece, já diz o ditado popular que "as aparências enganam".
FANTÁSTICO.
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