sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Teorias.

Por Heloísa Noronha.

Domingo passado tive uma conversa com minha prima Crica que me deixou bastante pensativa. Mãe de três filhos (uma adolescente e um casal de gêmeos), ela defende a tese de que a educação dos pais não interfere muito na personalidade das crianças. Segundo Crica, elas já nasceriam com o temperamento formado – e ele apenas iria sendo moldado conforme o tempo. Talvez essa teoria tenha mesmo sentido... Esse bate-papo me fez lembrar de uma cartinha que escrevi para o Papai Noel quando tinha 9 anos de idade e que foi guardada com muito carinho. Assim como fez a Cri há umas duas semanas, transcrevo, aqui, uma pérola da minha infância que mostra que algumas características psicológicas da pequena Helô ainda estão bem presentes na versão adulta. Vejam só:

“Querido Papai Noel, (mostrando seu lado carinhoso)
O Natal está chegando e todas as crianças pedem brinquedos para o senhor. E eu gostaria que o senhor trouxesse para mim os seguintes brinquedos: o Mini-cine e o Passatempo. (objetividade ao pedir o que quer)
Se o senhor trouxesse esses dois brinquedos para mim, eu ficaria muito agradecida, tá? (atirando as teias da sedução em cima do Papai Noel)
Todos os anos, no dia 25 de dezembro o senhor me visita e traz presentes para mim, e eu sempre gostei, mas desta vez eu vou adorar, viu? (sensibilidade para fortalecer a auto-estima alheia)
Eu ficaria muito grata se o senhor trouxesse esses dois brinquedos para mim como eu já lhe disse, viu? (insistência e teimosia absolutas para alcançar suas metas de vida)
O senhor pode deixar os brinquedos perto dos meus sapatinhos, tá legal? (desde pequena já ligadíssima em sapatos)
Junto deles o senhor encontrará um cartãozinho de boas-vindas. (apreço pela escrita)
Os meus sapatinhos o senhor encontrará perto da árvore de Natal e do presépio. (subestimando a capacidade masculina de encontrar as coisas)
Que legal o Natal ser comemorado no dia que Jesus Cristo nasceu, não? (ironia fina ao tirar uma com a cara do Papai Noel)
Bom, tchau!
Um beijo e um abraço,
Heloísa J. de Noronha
09-12-1981


O que vocês acham?

6 comentários:

Grilo disse...

Eu ia dar muita risada se fosse esse Papai Noel (que perdeu uma ótima oportunidade de ter existido).

Quanto à teoria, eu acho que pode ser assim mesmo. Quando eu era criança desmascarei o Mickey da minha festinha de 3 anos: minha mãe conta que, quando ele me pegou no colo, eu olhei por baixo da cabeça gigante da fantasia e perguntei "moço, por que você tá aí dentro?"

Adriana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adriana disse...

Eu já desmascarei o bom velhinho. Numa festa de fim de ano do jardim da infância, o servente da escola se vestiu de papai Noel pra distribuir doces e brinquedinhos para as crianças. Eu o reconheci e comecei a gritar:“É o tio do portãããão!!". Levei bronca de 2 professoras.
Desde cedo jogando água na fervura alheia. :)

Concordo com a teoria, a criação até pode influenciar na personalidade da criança, mas a “essência", temperamento, já nascem com a gente, é o que nos torna distintos.
Irmãos recebem a mesma educação e, mesmo assim, nunca são exatamente iguais.

E a Helô tem um ótimo poder persuasão... Ela conseguiria vender areia no deserto fácil, fácil, hahaha.

Grilo disse...

"É o tio do portãããão!"
Putz, Dri, tô adorando imaginar a cena!!

Veridiana Mercatelli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Veridiana Mercatelli disse...

E a pergunta que não quer calar: o velhote te deu um dos presentes? Velho capitalista...