sábado, 30 de agosto de 2008

Um recém-adulto sedentário, porém cheio de ocupações.

Por Felipe Grilo.

Pessoal, desculpem o mau jeito. Assim como muitos de nós, estou meio na correria ultimamente. Para vocês terem idéia, pensei em escrever um texto sobre "por que as pessoas correm?", mas não deu tempo. Pensei também em escrever outro sobre excesso de informação, mas teria de pesquisar mais a respeito.

Assim como já fizeram a Cris e a Helô em textos passados, gostaria de compartilhar coisas feitas na infância. Descobri pela minha mãe - que tem mais memórias da minha infância do que eu próprio - que eu fazia a redação na escola, levava a nota e jogava na lixeira mais próxima. Então meus pais nunca conseguiram guardar nada meu. Hoje faz falta. No entanto, o texto mais antigo que tenho é a dissertação seguinte, feita aos meus 16 anos (portanto, nos idos de 2004) e que até hoje considero uma das minhas melhores produções. Obrigado e boa leitura!

***

Brasil: um jovem sedentário de quinhentos e poucos anos.

Brasil é um jovem que mora na casa dos avós, seguro nos portões trancados e descansando em berço esplêndido, na sombra de uma bananeira maltratada. Sua avó Gaia traz seu café da manhã todos os dias. E seu avô, um texano que atende pelo nome de Mundo, paga sua mesada. Brasil costuma perambular entre a cama, a geladeira e a TV de 14 polegadas da cozinha, onde assiste ao Jornal Nacional com seu avô, julgando-se bem-informado. Nas suas horas vagas, pede à empregada que compre revistinhas japonesas para ler e se manter culto.

Enquanto passa a vida embaixo da bananeira, vê um mundo miserável lá fora. Mendigos, rotos, crianças abandonadas e velhos passando fome. Então Brasil pensa: "Ainda bem que eu tenho minha avó!"

Dona Gaia morre seca. Mundo, então, passa a cobrar de Brasil coisas como emprego, vestibular e as dívidas da casa... Acuado, percebe que o Jornal Nacional é programa de criança; põe a mão no bolso e percebe que a empregava roubava o troco das revistas e viu as bananas apodrecendo lá fora.

Tinha fome e não sabia plantar. A miséria da sociedade, que antes olhava tristemente aquele jardim, agora tentava derrubar o portão e pegar as bananas podres. Pediam para o jovem Brasil mostrar a sua cara!

Brasil percebeu que não poderia ter deixado o portão tanto tempo fechado.

Agora tinha que atravessar a rua e estava sem coragem. Ele precisa abri-lo se quiser viver, precisa abraçar o povo, viver o mundo como é e, assim, se informar e aprender a cuidar de bananeiras, ensinar a plantar para o povo não precisar pedir. Prometerá a si mesmo que não dependerá mais dos outros se não quiser ser escravo, servo ou operário. O jovem Brasil precisará assumir suas responsabilidades.

3 comentários:

Adriana disse...

Já passou da hora do jovem Brasil largar a imaturidade da adolescência e encarar a vida de frente.
O texto foi escrito há quatro anos, mas continua atual.

Ótimo, Grilo!

Unknown disse...

Grilo, desde quando vc começou a escrever..sempre escreve mto bem!

Muito atual, apesar da data q foi produzido.

Grilo disse...

Muito obrigado, Dri, Ca! =P